Urso Caça-Borboletas

Susanna Isern & Marjorie Pourchet

ISBN: N/A Category

O Urso vivia na floresta. Ele gostava de passear, de dormir a sesta junto ao lago e de colecionar coisas que encontrava por entre as árvores. Um dia, presa num ramo, apareceu uma rede de caçar borboletas. — Que poderia fazer eu com isto?

INFORMAÇÕES

Coleção:

Páginas: 36 págs.

Encadernação: cartoné

Medidas: 25x23 cm

Publicação: noviembre 2014 - Reimpresión

O Urso vivia na floresta. Ele gostava de passear, de dormir a sesta junto ao lago e de colecionar coisas que encontrava por entre as árvores. Um dia, presa num ramo, apareceu uma rede de caçar borboletas. — Que poderia fazer eu com isto?

 

As aparências enganam. Contrariamente ao que possa parecer, as borboletas nada têm a temer relativamente a este objeto — tão utilizado por colecionadores para as caçarem com a finalidade de as dissecarem — mesmo que ele caia nas mãos de um urso com um enorme focinho. Tal como na sua primeira colaboração com a OQO (Pilu, Pilu!), Susanna Isern volta a deleitar-nos com uma personagem adorável, a quem jamais lhe passa pela cabeça juntar as borboletas à sua coleção de objetos, muito menos à sua dieta. Pelo contrário: usa a rede para as salvar quando caem ao lago e o seu grande nariz para as secar rapidamente e poderem voltar a bater as asas.

 

“Uma tarde de verão, quando o meu filho mais velho tinha três anos, contou-me que resgatara uma borboleta do mar e que a pusera sobre uma rocha para as asas dela secarem. Pareceu-me uma ternura e nasceu logo uma história na minha cabeça”, revela a autora sobre a origem.

 

Urso Caça-Borboletas é, na sua essência, um livro sobre a bondade: a inclinação natural do protagonista face ao bem é indiscutível: protege de um modo admirável as borboletas por iniciativa própria e sem esperar nada em troca.

 

É também uma terna história sobre a amizade: a que nasce entre o Urso e a enorme borboleta, Branca, que acabará por resgatá-lo não só do lago mas também da sua solidão.

 

Passavam muito tempo juntos. Ela adorava fazer-lhe cócegas nas orelhas e jogar às escondidas. Ele gostava de lhe contar histórias secretas da floresta e de lhe soprar suavemente nas antenas.

 

Se quem semeia ventos, colhe tempestades; quem distribui generosidade e bondade —como o Urso — deve receber, no mínimo, agradecimento. Segundo recorda o ditado popular: “Os bons amigos são como as estrelas… nem sempre os vemos mas sabemos que estão sempre lá”.

 

E é isto que acontece com o Urso quando ele cai à água: uma nuvem de borboletas — todas as que ele tinha salvado durante tanto tempo e que tinham fugido assustadas — acabam por ir socorrê-lo: agarraram o Urso com as suas patitas e levantaram-no como se ele fosse uma pena.

 

Deste modo, voltamos a confirmar o sentido inicial da história: as aparências iludem. “Aqueles que julgamos mais frágeis, se unirem as suas forças, podem mover montanhas (neste caso, um mamífero plantígrado)”, explicita Susanna Isern.

 

Também para a ilustradora Marjorie Pourchet esta é a sua segunda colaboração com a OQO. Tecnicamente, no Urso Caça-Borboletas, continua na “linha de buscas a nível gráfico” iniciada em A mãe do herói: pena, pintura acrílica, decorações criadas através de técnicas de impressão e de colagens.

 

Porém, este é o primeiro dos seus trabalhos em que todas as personagens a que dá vida são animais. Talvez por isso sejam bastante antropomórficas: o pelo desaparece da cara do Urso que tem blush cor de rosa nas faces… Desta forma, procura proporcionar que o leitor se identifique com o protagonista.

 

As borboletas nesta história são, para o Urso, uma espécie de tesouro quimérico, inacessível… Daí que a ilustradora mantenha uma distância nos enquadramentos e não jogue com primeiros planos sobre elas.

 

Em troca, o tratamento visual da borboleta grande, Branca, é diferente. Marjorie Pourchet exalta o seu protagonismo de entre todas as outras e confere-lhe maior expressividade ao jogar com as suas asas, desenhar-lhe olhos…

 

Através das ilustrações, Marjorie informa o leitor de muito mais ações do que as que o texto narra. A passagem do tempo pode ler-se na folhagem que se torna vermelha ou acaba por desaparecer em diferentes momentos da história.

 

Existe também um paralelismo entre o espaço do lago — lugar em que o Urso passa a vida — e o do céu — onde se recuperará da queda à água — tanto pela cor azul-acinzentada como pelo jogo de simetria vertical na dupla página.

 

De igual forma, Pourchet jogou com a acumulação progressiva dos objetos que o Urso coleciona para oferecer uma narração “paralela” à história. Assim, antes de encontrar a borboleta grande, aparecem amontoados na sua barca “como uma espécie de barricada que protege a sua solidão”. Finalmente, acabam por encontrar o seu lugar e a sua funcionalidade quando Branca entra na sua vida, como acontece ao Urso quando a rede de caçar borboletas aparece na sua.

 

 

Texto de Susanna Isern

Ilustrações de Marjorie Pourchet

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