Ele é um pinguim e chama-se Tino: casaco preto de abas muito fino, bico laranja e olhos de botão, gorducho e trapalhão.
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Ele é um pinguim e chama-se Tino:
casaco preto de abas muito fino,
bico laranja e olhos de botão,
gorducho e trapalhão.
Ele não se importa nem um bocadinho
com o que pensem a mãe ou o vizinho.
Tino sempre sonhou ir para o deserto,
agora está lá perto.
Esta é a história atípica de um pequeno pinguim, Tino, que se quer tornar um autêntico beduíno. Para concretizar este sonho extravagante, foge de casa e consegue chegar até Argel! Uma vez ali, para atravessar o deserto, não hesita em comprar um camelo, mas este, tal como a história e o seu protagonista, também tem a sua singularidade: coxeia e tropeça ao caminhar.
Se, por um lado, o desejo de Tino é apelativo, almejar algo que está longe do que temos ou somos já não o é, assim como também não é invulgar que os mais pequenos se sintam atraídos pela aventura ou pelo desconhecido. Esta é uma caraterística própria da infância e uma forma habitual de aprendizagem. Por isso, não estamos perante uma decisão tão estrambólica assim. Tino podia perfeitamente ser um menino ou um adulto qualquer que – como já aconteceu a todos nós – nalgum momento da sua vida anseia sair da rotina ou fugir do que é ou julga que não é.
Entusiasmado e cheio de expetativas, o pinguim empreende esta aventura. Inicia, assim, uma viagem espaciotemporal mas, principalmente, de crescimento e aprendizagem.
Como é habitual acontecer nos relatos de viagens, também esta é uma metáfora da vida, que costuma demonstrar-nos que só damos valor àquilo que temos quando o perdemos. E é precisamente isto que descobre rapidamente a nossa simpática e divertida personagem. Para o escritor, Miguel Salas Díaz, Tino é uma história sobre o «difícil equilíbrio entre o desejo de viver emocionantes aventuras e a necessidade do calor familiar».
Quando o ilustrador Paolo Domeniconi conheceu a história, também ficou claro para ele que esta era a sua principal mensagem, e assim tentou expressá-lo, jogando sobretudo com a cor. No seguimento disto, representou as noites no deserto de Tino pouco iluminadas e com tons apagados.
Além do mais, o oásis carece da conotação de felicidade que é habitual conter noutros contextos. Na história, surge como um espelho em que aparece refletida a solidão do protagonista. Contrariamente, com o regresso a casa e a redescoberta dos afetos, as ilustrações recuperam a energia e a cor.
Domeniconi explica que, nas suas ilustrações, procura transmitir que a origem da partida de Tino está na sua curiosidade insaciável e na vontade de conhecer outros lugares — daí os seus olhos «grandes e expressivos» — e que a sua fuga não se deve nem à sua família nem ao seu lar, que define como «acolhedores». Daí a gama cromática de tons quentes para o Polo.
Como curiosidade sobre a sua primeira colaboração com a OQO, o ilustrador explica que, com este trabalho, surgiu a oportunidade de dar vida a uma imagem que «tinha em mente há muito tempo». Para regressar ao Polo, Tino utiliza um peixe submarino com uma forma insólita, que vem de uma pergunta que o «atormentava: se os aviões têm asas, porque é que os submarinos não hão de ter barbatanas?»
Texto de Miguel Salas Díaz
Ilustrações de Paolo Domeniconi
Tradução do espanhol de Elisabete Ramos