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Os sete irmãos chineses

Rodolfo Castro & André da Loba

ISBN 978-84-9871-434-0

14,00

Esgotado

INFORMACIÓN
  • Páginas 48 págs.
  • Encuadernación cartonado
  • Medidas 25x23 cm
  • Publicación julho 2013

 

Os sete irmãos chineses… eram seis.

Embora, no princípio desta história, só houvesse cinco.

Viviam próximo do mar.

Ninguém conseguia distingui-los, porque eram todos iguais.

Para não se enganar,

a mãe chamava Li a todos.

 


Descrição

 

Os sete irmãos chineses… eram seis.

Embora, no princípio desta história, só houvesse cinco.

Viviam próximo do mar.

Ninguém conseguia distingui-los, porque eram todos iguais.

Para não se enganar,

a mãe chamava Li a todos.

 

Com esta singular apresentação começa Os sete irmãos chineses.

Esta adaptação de Rodolfo Castro conta com a original proposta plástica de André da Loba, num estilo diferente — e nem por isso menos surpreendente — do mostrado no seu primeiro trabalho para a OQO editora, O urso e o corvo, Prémio Visual de Design de Livros 2008 na categoria de ilustração.

 

Contrariamente ao que pudesse fazer pensar o início da história, este conto da tradição oral chinesa reforça a mensagem de que, felizmente, não há duas pessoas iguais.

Além disso, recorda-nos que todos temos capacidades ou habilidades que nos conferem uma personalidade própria e intransmissível.

 

Com o tempo,

os irmãos Li foram capazes de fazer coisas

que permitiam distingui-los uns dos outros.

Li, o mais velho, era capaz de engolir o mar.

O segundo Li tinha um pescoço de aço.

O terceiro Li tinha pernas elásticas.

Ao quarto Li, o fogo não o queimava.

O quinto Li conseguia suster a respiração durante muito tempo.

 

Apesar de todas as pessoas terem capacidades, em diferentes graus, estas não são, habitualmente, de caráter sobrenatural. O sexto Li — sem nenhum dos dons extraordinários dos seus irmãos — tinha saído de casa em busca de fortuna.

 

É a experiência ou o devir dos acontecimentos que faz com que se desenvolvam essas aptidões e habilidades que talvez aflorem com maior dificuldade quando alguém está rodeado de indivíduos com destrezas incríveis.

Este conto incide em que todos somos necessários, pois a ação mais insignificante ou espontânea pode ser o passo decisivo para resolver um problema.

 

Nesta história, todos os irmãos colaboram — fazendo uso da sua tremenda semelhança e das suas habilidades — para tentarem salvar o mais velho dos Li, injustamente condenado pela morte de um rapaz, vítima da sua própria avareza.

 

Finalmente, serão as lágrimas do sexto Li, inconsolável pela terrível sorte do irmão, que conseguirão evitar na família uma morte segura, apesar do empenho de um imperador que parecia invencível.

 

O álbum Os sete irmãos chineses faz seu o espírito de David contra Golias; onde um pequeno pastor vence um todo-poderoso guerreiro gigante.

Neste caso, um fracassado e sem fortuna é capaz de derrotar um imperador, cuja justiça era infinita, cuja fúria podia derrubar montanhas, cujo olhar podia encantar serpentes, cujos olhos podiam ver até ao infinito e cujo silêncio era mais intenso que o rugir de uma tempestade.

 

Esta história demonstra que não há arma mais poderosa do que a empunhada pelos nobres sentimentos nem destreza mais habilidosa do que a procedente do coração.

 

À semelhança do texto, em que se propõe um jogo de intercâmbio entre os irmãos Li para enganar os guardas, André da Loba, nas suas ilustrações, propõe outro jogo ao leitor: colocando-o a percorrer — como se de um labirinto se tratasse — as linhas com que constrói as personagens e respetivas ações, num desenvolvimento narrativo e visual que cresce ao longo das páginas.

 

Tendo em conta a origem do conto, inspirou-se no Tangram, antigo puzzle chinês que consta de sete peças (cinco triângulos de diferentes formas, um quadrado e um trapézio).

 

Neste caso, o quebra-cabeças é construído por linhas que, ao longo do livro se cruzam e descruzam; umas vezes seguem paralelas em estuário; outras enfrentam-se entre elas e vão por caminhos opostos, para depois se sobreporem num encontro estratégico.

 

“As linhas são a matéria corpórea deste jogo”, sublinha este artista português. Do seu universo criativo surgem resultados tão surpreendentes como Os sete irmãos chineses: uma proposta sintética, aparentemente simples, mas que tem por detrás uma grande elaboração conceptual. Assim, a paleta de cores selecionada obedece a critérios de coerência e intencionalidade.

 

O resultado final: esquemas iconográficos desafiantes para o leitor, que joga o jogo da leitura num álbum que exige outra forma de olhar e de entender conceitos e abstrações através da imagem.

 

Texto de Rodolfo Castro
Ilustrações de André da Loba