Descrição
Era uma vez um lobo tão preguiçoso que, para não se esforçar, só comia papas de arroz com noz. Um dia olhou-se ao espelho e, ao ver-se tão magrinho, decidiu transformar-se num lobo feroz…
As primeiras compilações de contos russos continham inúmeros relatos de animais, que remontam à época em que a principal fonte de subsistência do homem era a caça. Enquanto os homens caçavam, as mulheres falavam sobre os animais, gabando as suas habilidades e astúcia na luta com os mais fortes.
A ambivalência de O Loboferoz e algumas das suas passagens revelam a cultura original desta história: a Rússia é um país de bosques onde há sempre um rio perto; está condicionado pelas grandes distâncias e pela dura climatologia; e nele há o costume de preparar o banho para os convidados que chegam, como indica o porco quase no desenlace deste conto.
Com um argumento muito claro, frases acumulativas, diálogos repetitivos e uma linguagem ágil e simples, O Loboferoz dá asas à fantasia, conseguindo toda a força das personagens (cabra, vaca, porco, burro, ovelha) em cenas humorísticas nas quais, com engenho e bom senso, os animais domésticos que representam a inocência acabam burlando o ruim e vil lobo. Um universo fabuloso onde a astúcia triunfa sobre a brutalidade, e o direito à vida e à harmonia com a natureza acaba por se impor sobre a maldade.
Através de uma técnica de colagem muito sintética e com grande economia de recursos cromáticos, o ilustrador Chené Gómez procura os elementos essenciais da história, conseguindo um ambiente minimalista e claramente eficaz, onde com os recursos precisos, consegue imprimir carácter e força às personagens e ao universo onde se desenvolve este relato.
Texto de Patacrúa, a partir de um conto popular russo
Ilustrações de Chené Gómez
Tradução Dora Batalim Sottomayor